sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

13º DIA DE TRABALHO

É com enorme pesar que hoje eu digo a vocês que tive a necessidade de por em prática os conhecimentos  de desencarceramento. Um acidente envolvendo cinco vítimas, quatro delas fatais, numa Rodovia Federal.  Saímos com a viatura especializada neste tipo de operação e acompanhados
pela ambulância do Corpo de Bombeiros, para dar suporte básico de vida aos que dele precisassem.
O acidente envolveu uma carreta Wolksvagem Titan com a carroçaria do tipo baú vazia e um antigo carro da Chevrolet, uma D-10, carregado de abacaxis. Foi um acidente frontal que deixou o motorista do caminhão com uma fratura na perna direita, seu carona lançado há cinco metros da cabina e os três ocupantes da caminhonete presos nas ferragens.  Quando fomos acionados a PRF já estava no local, assim como um serviço particular de atendimento pré-hospitalar. Este encaminhou o motorista do caminhão ao hospital e nos contatou para resolver a situação das outras quatro vítimas, haja vista que os Bombeiros são quem têm competência para lidar com este tipo de atividade que exige sangue frio, técnica, resistência à fadiga, dentre outras características que, dificilmente, encontramos em outros ramos das mais diversas atividades. Quando me refiro ao sangue frio, quero dizer que não nos abalamos, e nem podemos, com a situação que se encontram as vítimas de acidentes automobilísticos, caso o contrário, não conseguiríamos resolver a situação.


Antes de tratarmos dos procedimentos na operação, descreverei alguns equipamentos utilizados.  A definição encontrada no site “http://pt.wikipedia.org/wiki/Desencarcerador no dia 16/12/2010 é muito pertinente e diz que o “Desencarcerador é um equipamento utilizado pelos bombeiros para retirar vítimas presas em ferragens de automóveis, aeronaves ou qualquer outro ambiente que, devido a sua estrutura metálica, necessita ser cortada por equipamento em forma de tesoura, cuja a força para o corte é geralmente promovida pelo bombeamento hidráulico, por um motor, geralmente dentro acomodado numa viatura própria do Corpo de Bombeiro. Entretanto, não necessariamente o desencarcerador é hidráulico.
O desencarcerador pode ser em forma de tesoura, cunha, ou cilindro. Quando utilizado na forma de tesoura, o veículo, ou ambiente que estiver prendendo a vítima a ser socorrida, é cortada. Quando é utilizada a cunha, o objetivo é encontrar uma pequena brecha, inserir a cunha, e ao acionar o motor, a cunha vai abrindo espaço necessário para retirada da vítima ou outro serviço.


Procedimentos da operação:
A cena já estava preparada, ou seja, o trânsito já tinha sido controlado pela PRF que, utilizou a fita zebrada para manter curiosos afastados das zonas (quente, morna e fria) de trabalho dos bombeiros e da polícia técnica.
Ao chegar no local, fizemos uma avaliação externa minuciosa e  uma busca nas proximidades da rodovia de possíveis corpos lançados por conta da violência do impacto, entretanto, o que encontramos foram destroços do caminhão e o aparelho celular de uma das vítimas. Este celular foi entregue à PRF.
 Concomitantemente, utilizando uma tesoura corta-fio, cortamos o “fio negativo” da bateria do caminhão, depois o “fio positivo” (segurança nunca é demais), mas não a da caminhonete, que havia sido lançado para longe da D-10.
Como já dito, o motorista do caminhão, o único sobrevivente do evento, foi encaminhado para o Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana. 
A primeira vítima fatal que nós resgatamos foi o carona do caminhão que foi lançado da cabina para o barranco na estrada. Ele era muito pesado e tinha algumas fraturas. Nós utilizamos cabos solteiros para envolvê-lo e, desta forma, auxiliar-nos a trazê-lo pra onde pudéssemos dar destino, ou seja, entregá-lo à polícia técnica.
A segunda vítima estava presa nas ferragens, entretanto, não dentro da D-10, mas do lado de fora entre a porta e parte do caminhão. Nós a retiramos com a utilização de uma das peças do desencarcerador, semelhante a um macaco hidráulico (alargador), deixando-a livre para a retirada.
As terceira e quarta vítimas estavam na cabina presos nas ferragens. Nós tivemos que utilizar o expansor e a tesoura hidráulica para rebater (retirar) o teto do carro e poder retirá-las. Este procedimento demorou aproximadamente 10 minutos, pois estas ferramentas são muito pesadas. Assim que liberamos as vítimas para a polícia técnica, voltamos para o quartel para continuar com a prontidão aguardando o próximo chamado, mas, graças a Deus, não houve mais nenhum neste serviço.
Tempo total da ocorrência: 03:25 Horas.

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