É com enorme pesar que hoje eu digo a vocês que tive a necessidade de por em prática os conhecimentos de desencarceramento. Um acidente envolvendo cinco vítimas, quatro delas fatais, numa Rodovia Federal. Saímos com a viatura especializada neste tipo de operação e acompanhados
pela ambulância do Corpo de Bombeiros, para dar suporte básico de vida aos que dele precisassem.
pela ambulância do Corpo de Bombeiros, para dar suporte básico de vida aos que dele precisassem.
O acidente envolveu uma carreta Wolksvagem Titan com a carroçaria do tipo baú vazia e um antigo carro da Chevrolet, uma D-10, carregado de abacaxis. Foi um acidente frontal que deixou o motorista do caminhão com uma fratura na perna direita, seu carona lançado há cinco metros da cabina e os três ocupantes da caminhonete presos nas ferragens. Quando fomos acionados a PRF já estava no local, assim como um serviço particular de atendimento pré-hospitalar. Este encaminhou o motorista do caminhão ao hospital e nos contatou para resolver a situação das outras quatro vítimas, haja vista que os Bombeiros são quem têm competência para lidar com este tipo de atividade que exige sangue frio, técnica, resistência à fadiga, dentre outras características que, dificilmente, encontramos em outros ramos das mais diversas atividades. Quando me refiro ao sangue frio, quero dizer que não nos abalamos, e nem podemos, com a situação que se encontram as vítimas de acidentes automobilísticos, caso o contrário, não conseguiríamos resolver a situação.
Antes de tratarmos dos procedimentos na operação, descreverei alguns equipamentos utilizados. A definição encontrada no site “http://pt.wikipedia.org/wiki/Desencarcerador“ no dia 16/12/2010 é muito pertinente e diz que o “Desencarcerador é um equipamento utilizado pelos bombeiros para retirar vítimas presas em ferragens de automóveis, aeronaves ou qualquer outro ambiente que, devido a sua estrutura metálica, necessita ser cortada por equipamento em forma de tesoura, cuja a força para o corte é geralmente promovida pelo bombeamento hidráulico, por um motor, geralmente dentro acomodado numa viatura própria do Corpo de Bombeiro. Entretanto, não necessariamente o desencarcerador é hidráulico.
O desencarcerador pode ser em forma de tesoura, cunha, ou cilindro. Quando utilizado na forma de tesoura, o veículo, ou ambiente que estiver prendendo a vítima a ser socorrida, é cortada. Quando é utilizada a cunha, o objetivo é encontrar uma pequena brecha, inserir a cunha, e ao acionar o motor, a cunha vai abrindo espaço necessário para retirada da vítima ou outro serviço.”
Procedimentos da operação:
A cena já estava preparada, ou seja, o trânsito já tinha sido controlado pela PRF que, utilizou a fita zebrada para manter curiosos afastados das zonas (quente, morna e fria) de trabalho dos bombeiros e da polícia técnica.
Ao chegar no local, fizemos uma avaliação externa minuciosa e uma busca nas proximidades da rodovia de possíveis corpos lançados por conta da violência do impacto, entretanto, o que encontramos foram destroços do caminhão e o aparelho celular de uma das vítimas. Este celular foi entregue à PRF.
Concomitantemente, utilizando uma tesoura corta-fio, cortamos o “fio negativo” da bateria do caminhão, depois o “fio positivo” (segurança nunca é demais), mas não a da caminhonete, que havia sido lançado para longe da D-10.
Como já dito, o motorista do caminhão, o único sobrevivente do evento, foi encaminhado para o Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana.
A primeira vítima fatal que nós resgatamos foi o carona do caminhão que foi lançado da cabina para o barranco na estrada. Ele era muito pesado e tinha algumas fraturas. Nós utilizamos cabos solteiros para envolvê-lo e, desta forma, auxiliar-nos a trazê-lo pra onde pudéssemos dar destino, ou seja, entregá-lo à polícia técnica.
A segunda vítima estava presa nas ferragens, entretanto, não dentro da D-10, mas do lado de fora entre a porta e parte do caminhão. Nós a retiramos com a utilização de uma das peças do desencarcerador, semelhante a um macaco hidráulico (alargador), deixando-a livre para a retirada.
As terceira e quarta vítimas estavam na cabina presos nas ferragens. Nós tivemos que utilizar o expansor e a tesoura hidráulica para rebater (retirar) o teto do carro e poder retirá-las. Este procedimento demorou aproximadamente 10 minutos, pois estas ferramentas são muito pesadas. Assim que liberamos as vítimas para a polícia técnica, voltamos para o quartel para continuar com a prontidão aguardando o próximo chamado, mas, graças a Deus, não houve mais nenhum neste serviço.
Tempo total da ocorrência: 03:25 Horas.
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