É com pesar que lhes informo que tive receio de divulgar esta ocorrência neste Blog.
Janeiro de 2011. Incêndio em residência. Criança de poucos meses carbonizada.
Foi a ocorrência que mais me abalou psicologicamente. Acredito que, por mais preparo que a pessoa tenha para determinadas situações, é difícil de esconder o impacto que coisas assim nos causam.
Estávamos num determinado local (eu e o restante da guarnição da ABT - viatura especializada em incêndios de grandes proporções), extinguindo um incêndio numa árvore dentro dos limites de uma residência, quando fomos acionados para um outro incêndio. Imediatamente, nossa Central de Operaçõe deslocou outra viatura para o caso de nosso tempo-resposta não ser eficaz por conta da distância. Sabia decisão, nossos colegas chegaram minutos a nossa frente e já haviam preparado todo o cenário e já haviam começado o combate às chamas.
Populares haviam nos dito que não havia ninguém na casa, mas sempre trabalhamos com a possibilidade de estarem desencontradas as informações, pois os moradores da casa não estavam no local para nos dar uma certeza. Enquanto combatíamos o fogo diretamente, a guarnição da ABS adentrava no recinto com a finalidade de atestar a presença ou não de pessoas na casa. Ao saírem, percebi os olhares de tristeza e frustração. Um bebê já estava carbonizado e foi encontrado na área onde estaria uma cama de casal. Vasculhamos todos os cômodos e não havia mais nenhum corpo. Minutos depois chegaram os pais da criança que haviam saído e deixado uma vela acesa na casa, pois há meses estavam sem energia elétrica. Segundo a perícia, esta foi a causa do incêndio.
Se a população tivesse ligado para o Corpo de Bombeiros no início do incêndio, talvez a história desta criança teria sido diferente. Só acionaram os bombeiros depois de várias tentativas frustradas de combater as chamas.
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